EXISTE METODOLOGIA CIENTÍFICA SEM ESTATÍSTICA?

Sempre que iniciamos um projeto de pesquisa, por mais simples que ele seja, precisamos definir COMO ele será feito. Esse como será a nossa metodologia.

O ponto de partida para uma pesquisa é a observação de um fenômeno. A partir dessa observação faremos a formulação de hipóteses. Para responder essas hipóteses faremos um experimento e este deverá ter reprodutividade.

Para uma pesquisa ser reprodutível a metodologia deverá ser bem detalhada. Isso garantirá que outro pesquisador repita o mesmo experimento e encontrando resultados semelhantes.

A estatística é uma parte essencial na metodologia científica pois nos ajuda desde a amostragem, a coleta, organização, análise e interpretação de dados. Ela é utilizada em diversas áreas do conhecimento, desde a biologia até a economia, e é fundamental para a tomada de decisões embasadas em evidências.

Na experimentação animal a estatística pode ser utilizada tanto para descrever (estatística descritiva) características de uma população quanto para inferir (estatística inferencial) conclusões a partir de uma amostra.

No entanto, é importante ressaltar que o uso da estatística na metodologia científica exige conhecimento técnico e cuidado na interpretação dos resultados. É necessário escolher o teste estatístico adequado para cada situação, e os dados devem ser coletados de forma precisa e confiável. Além disso, é necessário ter cautela na interpretação dos resultados, evitando conclusões precipitadas ou exageradas.

O que é Estatística?

Estatística é uma ciência que estuda a coleta, organização, análise e interpretação de dados. Ela faz parte da metodologia científica, do planejamento experimental. Antes de iniciar um projeto é ideal que se faça todo o planejamento estatístico, inclusive definindo o modelo estatístico a ser empregado.

Com a estatística na experimentação animal, é possível descrever e comparar dados, identificar padrões e tendências, fazer previsões e inferências sobre uma população a partir de uma amostra representativa.

A estatística é uma disciplina interdisciplinar, que utiliza conceitos e técnicas de outras áreas do conhecimento, como matemática, física, biologia, economia, entre outras. E ela é aplicada em diversas áreas, como ciências sociais, negócios, medicina, engenharia, zootecnia e veterinária entre outras.

Aqui vamos focar no uso da estatística na experimentação animal, usada na zootecnia e veterinária.

  1. Planejamento Experimental – Princípios Básicos

•           Antes de iniciar uma pesquisa, os cientistas frequentemente realizam um planejamento experimental, no qual determinam a amostra necessária, os métodos de coleta de dados e os procedimentos estatísticos a serem utilizados. Isso contribui para garantir que os resultados sejam representativos e generalizáveis para a população-alvo.

2.         Amostragem

•           A estatística ajuda na seleção de amostras representativas da população, ou seja, uma amostra que tenha as mesmas características da população, permitindo que os resultados sejam generalizados.

Existem vários métodos de amostragem, incluindo amostragem aleatória simples, amostragem estratificada e amostragem por conglomerados. Cada um desses métodos tem suas próprias vantagens e desvantagens, e a escolha do método depende da natureza da população e dos objetivos da pesquisa.

Uma amostra representativa é aquela que tem as mesmas características da população, permitindo que os resultados sejam generalizados.

Na amostragem em experimentação animal é importante dar atenção a:

2.1. Repetição de unidades experimentais

Geralmente cada indivíduo é uma repetição. Avaliações repetidas de um mesmo animal não fornecerão repetições e sim réplicas. A média das repetições em um mesmo animal definirá uma resposta única para aquele animal.

2.2. Uniformidade e Casualização

As respostas biológicas em animais são variáveis, por isso a formação de uma amostra deve ser o mais uniforme possível, como por exemplo: um grupo formado de animais do mesmo sexo, idade e grupo genético. Dentro deste grupo, se for aplicar tratamentos, estes devem ser divididos de forma aleatória, seguindo o princípio da casualização.

2.3. Uniformidade na aplicação dos tratamentos.

Isso parece obvio, mas em animais muitas vezes há falhas devido a problemas técnicos ou de infraestrutura.

Um exemplo clássico é a projeção de comedouros e bebedouros aos animais. Uma projeção ruim pode dificultar a alimentação de alguns animais e isso acaba interferindo no resultado.

2.4. Uniformidade do ambiente

Nos experimentos com animais além das variações individuais temos também o ambiente que pode variar muito.

Para evitar erros de interpretações em resultados amostrais é preciso que o meio seja o mesmo para todos os grupos e/ou tratamentos.

Exemplo: o período ou mês do ano deve ser o mesmo para todos, assim como o manejo e instalações.

Uso da Estatística na Análise de Dados

Após o planejamento, determinação da amostragem, execução da experimentação e coleta dos dados chega o momento de analisar os dados.

A estatística é uma das principais ferramentas utilizadas para analisar dados e obter conclusões válidas. É a análise de dados que permite ao pesquisador obter informações relevantes a partir dos dados coletados.

É possível fazer dois tipos principais de análise:

  1. Análise Descritiva

A análise descritiva consiste em descrever as características dos dados coletados, são estimadas as medidas de tendência central como média, mediana, moda, e medidas de dispersão como o desvio e o erro padrão, entre outros.

Essas medidas permitem que o pesquisador entenda melhor os dados e possa fazer inferências a partir deles.

2. Inferência Estatística

A inferência estatística é outra técnica importante utilizada na estatística para analisar dados. Ela consiste em fazer inferências (deduções) a partir dos dados coletados, a fim de obter conclusões mais amplas sobre a população em estudo.

Para realizar a inferência estatística, o pesquisador utiliza técnicas como o teste de hipóteses, a análise de variância e a regressão linear. Essas técnicas permitem que o pesquisador faça inferências a partir dos dados coletados, levando em consideração a variabilidade dos dados e outros fatores que possam influenciar os resultados.

Em resumo,

Qualquer estudo que tenha dados precisa usar a estatística pois é ela que irá permitir fazer o resumo das informações e transformar números em informações relevantes.

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